App auxilia no tratamento da incontinência urinária devido ao câncer de próstata
Escrito por Nathália Araújo em 04/11/2022
O principal tratamento para o câncer de próstata é a cirurgia de prostatectomia radical. Como resultado do procedimento cirúrgico, cerca de 80% dos pacientes têm que lidar com a incontinência urinária e/ou disfunção erétil. Estes impactos são desafios enfrentados por homens durante o processo de reabilitação. Pensando em uma alternativa para auxiliar pacientes nesta fase que exige cuidados específicos, pesquisadores da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EEUFMG) desenvolveram um aplicativo voltado para homens com incontinência urinária associada ao tumor encontrado no sistema reprodutor masculino.
O câncer de próstata é o mais incidente no homem (excluindo-se o câncer de pele não melanoma) e o segundo que mais mata, atrás do câncer de pulmão. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde revelam que, de 2019 a 2021, foram mais de 47 mil óbitos em razão desse tipo de tumor no Brasil. No ano passado, 16.055 homens morreram em consequência da doença, correspondendo a cerca de 44 mortes por dia. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 65.840 novos casos de câncer de próstata em 2022. Em razão disso, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza mais uma edição da campanha Novembro Azul, que este ano traz a mensagem: “Saúde também é papo de homem”.
Fruto de uma pesquisa da EEUFMG, o Aplicativo IUProst foi desenvolvido no mestrado da enfermeira Fabrícia Eduarda Baia Estevam, sob orientação da professora Luciana Regina Ferreira Pereira da Mata e coorientação do professor Sérgio Teixeira de Carvalho, do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás (UFG). “Nosso objetivo é promover a melhoria da qualidade de vida, facilitar o acesso a informações para a promoção do autocuidado relacionado ao controle da incontinência urinária (IU),” informou a professora Luciana da Mata.
Dentre as ações do app, a professora cita que é possível realizar exercícios de musculatura pélvica, ter informações sobre a cirurgia, e assistir a relatos de homens que realizaram o tratamento com sucesso. Também estão disponíveis vídeos explicativos que ajudam a reconhecer hábitos de vida saudáveis, que auxiliam no controle da IU. “A pessoa também consegue ativar alarmes para se organizar. O app ainda gera um banco de dados para profissionais acompanharem o desenvolvimento do paciente no processo de reabilitação,” destaca Luciana.
Reconhecendo o suporte do app, a professora ressalta, porém, que “ele não substitui o atendimento por profissionais especialistas, nem mesmo a necessidade de encontros presenciais indispensáveis para auxílio no reconhecimento da musculatura pélvica e no monitoramento da evolução do paciente e doença. Ademais, destaca-se a importância do acompanhamento do homem, incluindo a sua avaliação presencial pelo profissional durante o tratamento da IU.”
O app
O menu principal do IUProst, junção entre a sigla “IU” de Incontinência Urinária e “Prost” remetendo à palavra “próstata” e “prostatectomia”, apresenta oito funcionalidades: “Sobre o IUProst”, “Meu diário miccional”, “Meu tratamento”, “Meus Exercícios”, “Minhas conquistas”, “Fale com o profissional”, “Configurações e ajustes”, “Experiência do paciente”. Na barra inferior é possível ter acesso rápido e fácil através de botões para as funções mais relevantes do aplicativo: “Meu diário miccional”, “Meus Exercícios” e “Meu Perfil”. No momento, o IUProst está disponível para o sistema operacional Android (pode ser baixado por meio do Google Play), e em perspectivas futuras, o acesso será disponibilizado também para o sistema operacional IOS.
Prêmio internacional
A pesquisa recebeu o “Prêmio de Inovação em Engenharia Biomédica para o SUS”, da Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica e a Boston Scientific, promovido com o apoio do Ministério da Saúde, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações. O objetivo é reconhecer e premiar trabalhos técnico-científicos na área da Engenharia Biomédica, com temática relacionada a soluções para o sistema público de saúde. Foram 192 trabalhos inscritos de 13 países. A pesquisadora Fabrícia Estevam receberá o prêmio na Costa Rica no dia 11 de novembro.